Não faz muito tempo, coisa de alguns meses, nos demos a (re)pensar sobre educação. Teorias para lá, teorias para cá, acabamos num dos grandes, porque sobre ela soube dizer como ninguém, como sempre soube fazer, na sua singularidade de quem aprendeu a saber e a dizer bem o que sabia para que todos que o ouvissem e chegassem à conclusão de que ensinar é aprender e, aprendendo, saber replicar com alegria aos que precisam aprender a saber para ser.
Nossa homenagem, então a ele, Rubem Alves, para quem educação é isto:
o processo pelo qual os nossos corpos vão ficando iguais às palavras que nos ensinam. Eu não sou eu: eu sou as palavras que os outros plantaram em mim. Como disse Fernando Pessoa: "Sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim" (ALVES, 1994).
Aqui, neste espaço, arena de reflexão e da crítica, como já havíamos dito, é para que busquemos saber quem somos, dizendo o que aprendemos a dizer para além do que replicaram em nosso ser. E se educação é o que nos vem de fora para nos moldar ao mundo, aprendizagem pode ser vista como o que fazemos com o que pretendem nos fazer crer.
Que aqui seja o espaço do dizer, do dizer de si, do dizer bem, do dizer melhor, do nosso dizer sobre tudo que rola de ruim e ninguém diz nada, mas apenas acolhe.
Sendo espaço do dizer e do fazer jurídicos, e de crítica também desse dito, não deixemos de observar, como ponto de partida para o que será dito, que o direito nem sempre diz o que deve ser dito, mas o que pode dizer, pela força de que dispõe, que aqui pretendemos seja legitimada pelo bem fazer do poder que diz e impõe seu dito.
Essa a proposta do espaço, e que dele façamos bom uso.
Parabéns aos que estão dizendo; e que digam mais, cada vez melhor, tanto melhor quanto seja nosso o dizer daqui.
Editor Chefe
Prof. Dr. Helvécio Giudice de Argôllo
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